4 min • 20/09/2019
O suicídio acompanha muito estigma, apesar de sua ocorrência estar aumentando cada vez mais. Nós nunca esperamos que ele aconteça em nossas famílias. Por isso, normalmente não sabemos o que fazer quando ele vem. A violência do evento é impactante e os entes queridos podem se sentir anestesiados ou em choque, além de manifestar interesse nas histórias de outros enlutados por suicídio. E como lidar com a perda por suicídio?
Por ser uma morte repentina, violenta e auto infligida, o suicídio pode provocar reações intensas. Essas reações variam de raiva à necessidade de isolamento social. A família – e mesmo os amigos e colegas de trabalho -, são impactados por esta tragédia. O suicídio consumado aciona fortes sentimentos de culpa e pensamentos recriminatórios.
A culpa é um dos fatores que tornam o luto por suicídio penoso
O suicídio desafia a potência da família, pois desperta o pensamento de que algo diferente poderia ter sido feito ou de que o sobrevivente deveria ter visto ou previsto o fato, isso é, tido cuidado para evitar a morte.
Os familiares de quem se mata podem se sentir julgados: ouvem que não foram capazes de perceber os sinais de que a pessoa se mataria, que são doentes ou que são loucos por causa do suicídio.
Os “sobreviventes do suicídio” sentem vergonha, pois além dos remorsos enfrentam o preconceito. É comum o suicídio se repetir na mesma família, já que estar vivo quando outra pessoa próxima morre sem que se fosse capaz de ajudar pode ser muito difícil.
O sobrevivente pode sentir como se não tivesse o direito de viver. Às vezes convive com o medo de que a tragédia se repita na família. Esse tipo de luto é vivenciado com a sensação de se estar perto do caos e em crise e a chance de o enlutado ter um luto complicado é muito maior nesses casos.
O processo de luto envolvendo suicídio exige mais tempo
O processo de elaboração desta tragédia é trabalhosa e a pessoa necessitará de tempo e permissão para sofrer. Não existe receita milagrosa de como lidar com a perda por suicídio , na realidade o que ajudará a elaboração é não contribuir com o tabu e falar abertamente sobre como se sente.
Perguntas como “Por que isso aconteceu?” ou “Por que ele se matou?” não são produtivas. Isso porque a motivação para tirar a própria vida se foi junto com a pessoa que se matou. Encontrar acolhimento para falar sem recriminações e ser compreendido ajuda muito. O tabu é uma dose extra de sofrimento.
Os grupos de acolhimento ajudam na superação. Invariavelmente, familiares e amigos de suicidas precisam de apoio psicológico – inclusive por terem o risco de suicídio aumentado pelo “efeito contágio”. Caso esteja passando por isso, procure ajuda – você não está sozinho!
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