4 min • 05/09/2022
Uma coisa é certa: o suicídio está matando cada vez mais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida em alguma parte do mundo. Contudo, mortes assim podem ser evitadas. Para isso, existem campanhas de prevenção, a exemplo do setembro amarelo.
Existem muitos fatores que podem levar uma pessoa a cometer o ato de suicídio. Normalmente, estão relacionados com fortes conflitos internos do indivíduo, como:
- bullying;
- crise financeira;
- perdas afetivas;
- doença terminal.
Ao contrário do que muitos pensam, não se trata de um acontecimento imediato, mas sim progressivo, que acontece aos poucos. Inclusive, o comportamento suicida pode ser classificado em três etapas: pensamento, tentativa e consumação.
Quando chega na última fase, quem decide colocar um ponto final na vida sofre muito, e os familiares se sentem culpados, perguntando-se: “como não percebemos”, “parecia que ele(a) estava tão bem”. E com isso o que sobra é a dor do luto…
Isso acontece porque raramente o suicida expõe seus sentimentos para alguém. O que dificulta ― e muito ― conhecidos, amigos ou parentes perceberem que há algo errado.
Entretanto, há sinais do comportamento suicida possíveis de serem identificados antes que seja tarde demais. E, é justamente o que o movimento do setembro amarelo defende em suas pautas em prol da valorização da vida.
O que é Setembro Amarelo?
Desde 2015, setembro virou um mês especial no calendário nacional. Naquele ano, o Centro de Valorização à Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), criaram uma campanha para combater um dos problemas de saúde pública mais graves dos últimos tempos, isto é, o suicídio.
Trata-se do setembro amarelo. Ou seja, um movimento de conscientização sobre tudo o que envolve o problema. Uma vez que, apesar do grande número de casos de suicídio em todo o mundo, poucos sabem como identificar comportamentos que levam pessoas a fazê-lo.
História da campanha do Setembro Amarelo
Inclusive, foi um caso de suícidio no qual a família não notou que um jovem estava à beira da morte que deu origem à campanha do setembro amarelo no mundo. Estamos falando de Mike Emmie, estadunidense que cometeu suicidio com apenas 17 anos.
O rapaz era bastante determinado. Tanto que, restaurou o Ford Mustang 68 que tinha comprado, deixando-o amarelo e estiloso. Para isso, trabalhou até recuperá-lo completamente. Além de um automóvel novo em folha, o jovem ainda recebeu carinhosamente o apelido de “Mustang Mike”.
Aparentemente, Mike estava entusiasmado com a vida. Era engraçado e amado por amigos e familiares. Só que, o jovem tinha sérios problemas psicológicos e, infelizmente, ninguém percebeu isso a tempo de tentar evitar uma tragédia.
Dentro do seu amado Mustang amarelo, Mike se suicidou com um disparo de arma de fogo, deixando um triste bilhete: “Pai, mãe, não se culpem por isso. Amo vocês!”
Obviamente, os pais do garoto ficaram sem chão, com uma imensa dor do luto no peito e perguntando-se o que poderiam ter feito para salvar o filho. O caso de Mike, porém, levou o casal a incentivar outras pessoas a pedirem ajuda quando estiverem passando por conflitos internos.
Durante o sepultamento, amigos e parentes de Mike levaram um cesto cheio de cartões enfeitados com uma fita amarela. Neles, havia a seguinte mensagem: “se precisar, peça ajuda”.
Mal sabiam que, essa simples atitude, se transformaria em um movimento mundial de prevenção ao suicídio. Com isso, milhares e milhares de pessoas foram e continuam sendo salvas em várias partes do planeta. Inclusive, em solo brasileiro.
No Brasil, o movimento do setembro amarelo foi criado essencialmente em resposta a um aumento exponencial de suicídios na última década. Com ações que enfatizam pautas importantes sobre o problema.
Principais causas de suicídio
O setembro amarelo conscientiza a população sobre os principais motivos que levam pessoas a se suicidarem, por exemplo. Não é do dia para noite que alguém decide fazê-lo, nem por uma só causa. Mas, existem fatores que comumente estão relacionados com o ato. Dentre os quais, destacamos:
Depressão
Depressão é talvez a causa mais conectada com o suicídio. Pessoas neste estado são profundamente tristes e solitárias, além de ficarem cada vez mais indiferentes com áreas importantes da vida. Em razão disso, os comportamentos suicidas começam a se desenvolver, resultando na consumação do ato.
Uso de álcool e drogas
Geralmente, álcool e drogas são usados como forma de esquecer dos problemas, recebendo doses momentâneas de prazer. Quando a sensação passa, porém, a realidade do indivíduo volta à tona, de forma ainda pior do que antes. Assim, o uso de álcool e drogas favorece o aparecimento de ideias autodestrutivas.
Bullying
Bullying é uma situação comum de acontecer. Sobretudo, na adolescência. Por mais que seja considerado crime, várias pessoas ofendem outras verbal ou fisicamente que parecem ser indefesas.
Com o passar do tempo, vítimas de bullying sentem-se angustiadas e ficam com uma autoimagem cada vez mais fraca. Dessa forma, pensamentos suicidas podem começar a surgir.
Decepção amorosa
A decepção amorosa é outra das causas comuns de suicídio destacadas na campanha do setembro amarelo. Às vezes, a má relação com o cônjuge afeta demasiadamente à saúde mental da pessoa, levando-a a comportamentos suicidas, por exemplo.
Cuidar da saúde mental faz toda a diferença
Na campanha do setembro amarelo, o cuidado com a saúde mental também é frequentemente lembrado. Isso porque, faz toda a diferença para retardar o aparecimento de comportamentos suicidas. É uma maneira de cortar o mal pela raiz, deixando a cabeça resistente o bastante contra problemas assim.
Atividades físicas
Segundo a OMS, todas as pessoas devem praticar 150 a 300 minutos semanais de atividade física para manter-se saudável. Além de colocarem o corpo em movimento, o exercício libera diversos neurotransmissores benéficos não só a saúde física, mas também mental.
Em função disso, o setembro amarelo defende a importância de fazer atividades físicas para prevenir o suicídio. É uma mudança de hábito fundamental para pessoas que têm tendência a desenvolver comportamentos depressivos.
Ajustes na dieta
Mudanças na alimentação também colaboram para uma melhor saúde mental. O consumo de vegetais, peixes, azeites, frutas e grãos integrais, por exemplo, podem beneficiar pessoas nesse sentido. Porém, dietas restritivas demais não devem ser seguidas.
Fazer o que gosta
Hoje em dia, muitas pessoas dedicam horas demais para o trabalho e estudos. O objetivo? Bater metas, ganhar mais e alcançar o sucesso, por exemplo. Só que isso pode afetá-las negativamente.
Excessos também fazem mal para saúde mental. Por isso, é importante planejar a rotina com atividades que trazem sensações de felicidade, tranquilidade e bem-estar, como:
- ouvir música;
- ir ao cinema;
- cultivar um novo hobby.
Como é possível ajudar na prevenção do suicídio?
Agora, como é possível ajudar na prevenção do suicídio de fato? A campanha do setembro amarelo dá ênfase para a identificação de alterações no comportamento do indivíduo, a exemplo de:
- mudanças radicais de humor;
- falas que se relacionem com morte;
- isolamento;
- desinteresse por atividades que gosta;
- quantidade de horas que a pessoa dorme.
Tudo isso está atrelado às principais causas do suicídio. Então, pode indicar o desenvolvimento de comportamentos para essa finalidade. Ainda assim, o ponto chave para ajudar a salvar alguém desse sério problema é a empatia.
No movimento do setembro amarelo, a empatia é muito valorizada. Trata-se de colocar-se no lugar do outro para não só entendê-lo, mas também ajudá-lo genuinamente.
A pessoa que está desenvolvendo o comportamento suicida precisa se sentir acolhida pelos entes mais próximos. Com isso, os primeiros passos para livrá-la da morte serão dados.
É importante buscar orientações com um médico, psicólogo ou líder religioso para trazer a pessoa para perto, mostrando empatia, amor e que juntos podem superar o problema.
Superando a dor da perda
Ainda que familiares e amigos se esforcem para evitar uma tragédia, ou seja, para que alguém não cometa o ato de suicídio, pode acontecer da pessoa insistir na ideia até o fim, tirando a própria vida.
Neste cenário, o movimento do setembro amarelo recomenda que parentes enlutados e demais pessoas ligadas a quem se suicidou procure ajuda profissional para superar a dor do luto.
A princípio, não será nada fácil. O sofrimento é grande. Sobretudo, porque todos ficam com um sentimento de culpa. Porém, com o auxílio de especialistas é possível amenizar a dor do luto aos poucos, falando abertamente sobre o que está sentindo e sendo orientado da melhor maneira possível.
Portanto…
O setembro amarelo é um movimento indispensável. Sem dúvidas, o suicídio é um dos males deste século e cada vez mais vidas são levadas por ideias autodestrutivas. Contudo, é absolutamente possível vencê-lo;
Como vimos, você pode entender melhor como lidar com o problema e preveni-lo antes mesmo de qualquer sinal de comportamento suicida. Por exemplo, pode incentivar seus filhos a praticarem atividades físicas ou fornecer uma alimentação ainda mais adequada.
Agora, se o processo até o suicídio já estiver acontecendo, ainda é possível interrompê-lo. Sendo o ideal buscar orientação profissional para fazer isso adequadamente.
Tudo isso porque o setembro amarelo está disseminando cada vez mais a importância da causa. Assim, inúmeras pessoas reúnem-se na luta pela valorização da vida.
Se você está passando por uma situação de perda ou conhece alguém que esteja lidando com a dor do luto, confira mais artigos como este em nosso blog. Nós podemos lhe ajudar.