4 min • 18/05/2021
O que primeiro vem à sua mente quando o assunto é luto?
Talvez você pense em morte, sofrimento, despedida, roupas pretas…
Sim. Todas estas associações são possíveis.
Mas, e quanto ao que se sente quando o que se perde não é a vida de alguém amado, mas a sua própria condição de saudável? Estaríamos falando de um processo de luto também nestes casos?
A resposta é sim.
O conceito de luto é amplo. Luto é a reação a uma perda e esta perda pode ser real ou simbólica.
Perda realé a perda de uma pessoa, animal ou objeto querido e a perda simbólica é a perda de um ideal, de uma expectativa ou de uma potencialidade.
Logo, o luto não é entendido somente no contexto da perda pela morte de uma pessoa querida, mas, também, na perspectiva da perda da saúde.
Quando a doença é câncer, estamos falando de uma doença que carrega o estigma de “sentença de morte”, o que nem sempre condiz com a realidade, mas que gera nos pacientes curados do ponto de vista médico, uma ferida psíquica que faz com que qualquer dor, verruga ou mancha traga memórias representante do fantasma da recidiva.
E quando é câncer de mama…
O seio, o cabelo e a fertilidade são associados à feminilidade e quando o câncer é na mama e o tratamento envolve a retirada do seio e outras terapêuticas com mudanças na imagem corporal, temos que valorizar o fato de que estas mulheres estão lutando também para manter viva sua feminilidade.
É mais fácil compreender o desespero de uma pessoa ao receber a notícia do falecimento de um ente querido do que compreender o desespero de uma mulher ao receber a notícia de que o tratamento que poderá curar-lhe do câncer terá consequências para a sua fertilidade e derrubará seus cabelos, mas as recriminações em torno do sofrimento dessas mulheres aumentam a sensação de solidão por não serem compreendidas em sua angústia.
Acolha toda forma de luto, ouça mais e julgue menos. Facilite a elaboração das perdas com empatia.
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