4 min • 26/01/2023
Quer entender melhor o funcionamento da doação de órgãos? Você veio ao lugar certo. Sabemos que esse é um daqueles assuntos que geram uma série de dúvidas nas pessoas. Assim, vamos explicar tudo o que envolve o processo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país que mais realiza doação de órgãos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2021, por exemplo, foram cerca de 23,5 mil procedimentos feitos no País que salvaram vidas.
Contudo, os números de transplantes feitos podem ser ainda melhores. Um levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), aponta que o Brasil tem mais de 59 mil pessoas na fila de espera por um órgão.
Além disso, a ABTO diz que a recusa familiar é o principal motivo que impede o avanço da doação de órgãos. Mesmo com parentes aptos para o procedimento, 45% das famílias falaram não em 2022.
Em outras palavras, ainda há diversas pessoas esperando pela compaixão de outras pessoas para sobreviverem, substituindo seus órgãos ou tecidos doentes por saudáveis.
O ponto é: a doação de órgãos é um ato nobre de amor ao próximo. Por isso, vamos te mostrar tudo sobre a doação de órgãos. Desde como funciona o processo, até como avisar a família do desejo de fazê-lo.
Tenha uma excelente leitura!
Como funciona a doação de órgãos?
Em linhas gerais, a doação de órgãos é a prática em que os órgãos ou tecidos de um indivíduo são retirados para serem usados no tratamento de outras pessoas. O objetivo é restabelecer funções inativas do paciente por conta de sua condição atual.
Funciona assim: os doadores aptos passam por um procedimento cirúrgico de retirada de um ou mais órgãos e tecidos possíveis de serem transplantados (alguns em vida e outros apenas na confirmação de morte encefálica) para alguém necessitado, incluindo:
- coração;
- válvulas cardíacas;
- pulmão;
- rins;
- pâncreas;
- fígado;
- ossos;
- medula óssea;
- córneas;
- pele.
Em seguida, é a vez do receptor ser submetido a cirurgia. Só que, primeiramente, o órgão ou tecido doente é retirado. Então, o órgão ou tecido doado poderá ser inserido, restaurando funções essenciais do corpo do paciente.
Para você ter uma ideia, até 10 pessoas podem ser ajudadas com uma única doação de órgãos. Portanto, é um gesto que tem um valor imensurável para milhares e milhares de pessoas mundo afora.
O que acontece com os órgãos doados?
Quando são doados, os órgãos vão diretamente para os pacientes que precisam de um transplante, os quais estão aguardando em uma lista de espera única. Essa lista é organizada por estado ou região de pacientes e monitorada de perto pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Os receptores dos órgãos doados são auxiliados de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Eles fazem exames preparatórios, realizam o procedimento cirúrgico e recebem acompanhamento e medicamentos depois do transplante. Este último, por meio da rede pública de saúde.
Todos podem doar órgãos?
Dito isso, todas as pessoas que quiserem podem doar órgãos? A resposta é: infelizmente não. Por legislação, a doação de órgãos só pode ocorrer de forma completa quando o doador, maior de 18 anos, teve morte encefálica. Mas o que é isso? Trata-se do falecimento por perda total e irreversível das funções cerebrais.
Nesse tipo de óbito, com a ajuda de aparelhos, os órgãos do corpo da pessoa ainda continuam ativos por alguns dias, precisamente até uma semana no máximo. Assim, podem ser transplantados para quem precisa.
Outra coisa que impossibilita a doação de órgãos é a condição de saúde do doador. Há doenças e limitações que fazem os órgãos e tecidos doados tornarem a situação do paciente que aguarda o transplante mais delicada em vez de ajudá-lo, como:
- doenças contagiosas ( ex: HIV, hepatite ou doença de chagas);
- tumores malignos ou doenças degenerativas crônicas;
- condições de insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas.
E tem mais: muitas pessoas não sabem mas, é possível realizar doação de alguns órgãos e tecidos também em vida. Neste caso, porém, a doação de órgãos é parcial. Uma vez que, não pode comprometer o bem-estar e qualidade de vida do doador.
Como ser um doador de órgãos?
Para se juntar a causa da doação de órgãos, você não precisa de um documento ou algo do tipo. Felizmente, a legislação no Brasil não é rígida nesse sentido. Então, não é preciso se preocupar com isso. O mais importante é avisar a família sobre o desejo de ajudar pessoas que precisam de um transplante para sobreviverem.
Isso porque, os familiares são o fator mais decisivo para doação de órgãos, quando o doador está nas condições ideais para fazê-lo. São os familiares que autorizam e documentam a liberação dos órgãos do ente querido que veio a óbito.
E, no caso de você querer ser um doador em vida, você pode acessar o site da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote). Para assim, realizar o cadastro e receber o seu cartão de doador. Para isso, porém, é importante conhecer um pouco mais sobre esse tipo de doação de órgãos.
Há algum risco de ser doador em vida?
Com a possibilidade de doação de órgãos em vida, você provavelmente está se perguntando: “está bem, posso doar mesmo estando vivo, mas há algum risco de fazer isso?” A resposta é: normalmente, não.
É verdade que toda cirurgia tem riscos comuns. No entanto, antes do procedimento, os profissionais de saúde realizam exames específicos para minimizá-los, considerando o órgão de retirada.
Agora, falando essencialmente da retirada, é muito difícil ter algum risco. Se você for doar um rim, por exemplo, pode ficar tranquilo. Por mais que a gente tenha dois rins, um só consegue dar conta do recado. Então, não há risco nenhum à saúde realizar esse tipo de doação de órgãos.
Do mesmo modo, se você for doar a medula óssea, não haverá problema algum para sua saúde. Em poucas semanas, esse tecido se recupera de forma natural, ficando na mesma condição do que antes do procedimento de retirada.
Como avisar a família?
Se você decidiu participar do ato nobre de doação de órgãos, precisa manter sua família consciente sobre o desejo de transplantá-los quando chegar seu momento de partir.
É claro que, não é assunto tão simples de ser conversado. Uma vez que, envolve um verdadeiro tabu entre as pessoas, isto é, a morte. Porém, você pode explicar aos poucos para seus familiares como a doação de órgãos é importante.
Para isso, use os dados que trouxemos no início deste conteúdo, por exemplo, dizendo quantas pessoas estão na fila esperando pelo ato nobre de outras pessoas. Para assim, recuperarem seu bem-estar e qualidade de vida.
Além disso, você pode mostrar como o Brasil já é uma referência na doação de órgãos, sendo o segundo colocado entre todos os outros países. Depois de conscientizá-los, fale sobre o seu desejo de doar os seus órgãos.
Sendo assim, é muito provável que os seus familiares entendam o seu pedido e o façam quando chegar a hora. Sem contar que, podem se sensibilizar com a causa de doação de órgãos e decidir fazê-lo também.
Conclusão
Por fim, a doação de órgãos é mais do que necessária. Há milhares e milhares de pessoas esperando por almas bondosas que vão se importar com essa causa para voltar a viver de forma saudável. E você pode ser uma delas, praticando esse ato nobre e transformando até 10 vidas.
Como vimos, se você estiver nas condições ideais, não é nenhum processo burocrático ser um doador. Longe disso. Você só precisa pedir que sua família cumpra seu desejo quando chegar a hora de partir.
E o melhor: é possível ser doador em vida. Mesmo você não podendo doar a mesma quantidade de órgãos quando ainda está vivo, não haverá a necessidade de ter morte encefálica para só então ser um doador.
Um exemplo simples é relembrar o enterro do carro Bentley do milionário Chiquinho Scarpa. A extravagância ocorrida em 2013 que chamou atenção da população e da mídia, não passou de ação de marketing que tinha como objetivo alertar que algo precioso não tem valor algum se estiver embaixo da terra, caso do carro “e dos órgãos que não são doados”.
Seja como for, o que é importa é você ser mais um dos que se preocupam com essa causa tão nobre. E mais: ainda que você não seja qualificado para ser um doador, por não ter a condição de saúde ideal, por exemplo, incentive outras pessoas a doarem. Toda ajuda é bem-vinda e fará a diferença.
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