4 min • 20/03/2024
O luto é um processo complexo, uma jornada emocional que enfrentamos diante da perda de algo ou alguém significativo em nossas vidas. Enquanto tradicionalmente associamos o luto à morte física, existe um tipo de luto igualmente doloroso e desafiador, que se desdobra enquanto testemunhamos a progressão implacável do Alzheimer.
É sobre o paralelo entre esta doença e o luto que a envolve que nós vamos conversar no artigo de hoje. Boa leitura!
Entendendo o Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e incurável que afeta o cérebro, resultando na deterioração da memória, do pensamento e do comportamento humano.
Ela se caracteriza pela formação de placas e emaranhados de proteínas no cérebro, que interferem na comunicação entre as células nervosas, levando à morte gradual das mesmas.
Os sintomas iniciais incluem dificuldades de memória e confusão mental, que pioram ao longo do tempo, afetando a capacidade da pessoa de realizar tarefas cotidianas e interagir socialmente.
Exatamente por isso ele tem um impacto significativo não apenas na pessoa afetada, mas também em seus familiares e cuidadores, exigindo um grande esforço para lidar com os desafios físicos, emocionais e financeiros associados à doença.
O luto causado pela doença
A pessoa que vive com Alzheimer, assim como seus familiares e cuidadores, enfrentam uma forma única de luto. É um luto gradual e contínuo, um processo de despedida constante que ocorre à medida que as memórias se esvaem, a identidade se desvanece e os laços familiares se tornam cada vez mais distantes.
A perda das memórias talvez seja uma das facetas mais angustiantes do Alzheimer. Cada lembrança é como um pedaço do quebra-cabeça da vida da pessoa, e à medida que o Alzheimer avança, esses pedaços são perdidos, deixando lacunas dolorosas em sua história pessoal.
É como se o passado estivesse sendo apagado aos poucos, levando consigo momentos preciosos, experiências compartilhadas e até mesmo a própria identidade da pessoa.
A identidade é profundamente afetada pelo Alzheimer. Aquela pessoa que um dia foi vibrante, cheia de vida e personalidade, aos poucos se torna uma sombra de si mesma.
As características que uma vez a definiram – suas paixões, habilidades, gostos e até mesmo sua maneira de se expressar – são gradualmente apagadas pela neblina da doença.
Para os familiares, é como testemunhar a perda de alguém ainda em vida, uma dor dilacerante que só pode ser amenizada pela lembrança dos momentos compartilhados.
O luto vivido pela família de alguém com Alzheimer
Neste sentido, também vale destacar o luto pela perda da conexão familiar. À medida que o Alzheimer avança, a pessoa afetada pode começar a perder o reconhecimento de seus entes queridos, confundindo-os com estranhos ou simplesmente não os reconhecendo mais.
Para os familiares e cuidadores, essa é uma das experiências mais dolorosas, pois eles enfrentam a realidade de que a pessoa que amam está presente fisicamente, mas emocionalmente está fora de alcance.
Nesse paralelo entre o luto tradicional e o luto vivenciado no contexto do Alzheimer, podemos ver que ambos compartilham a dor da perda, a saudade e a dificuldade de seguir em frente.
No entanto, o luto do Alzheimer é único em sua natureza prolongada e gradual, uma jornada de despedida que se estende ao longo do tempo, exigindo uma dose extra de amor, paciência e compreensão por parte de todos os envolvidos.
Enquanto lidamos com esse luto complexo, é importante lembrar que, apesar da devastação da doença, o amor e a conexão permanecem como uma luz em meio à escuridão do esquecimento.
Conclusão
Pensando no luto que é vivido por aqueles que sofrem com o Alzheimer ou mesmo por seus familiares, fica ainda mais claro perceber que os lutos não são somente aqueles causados pela morte.
E que diminuir a dor de outros tipos de luto não é justo com quem os enfrenta.
Nosso projeto de Apoio ao Luto
Aqui na Angelus nós contamos com o Programa de Apoio ao Luto, voltado e formado por pessoas que estão em processo de luto e por profissionais capazes de ajudá-los de forma mais acertada.
É altamente indicado para pessoas que estão encontrando dificuldades na elaboração de seu luto ou que não encontram apoio em sua rede familiar e social. Assim, podem contar com o apoio de um serviço especializado em luto que acolha e auxilie neste momento.
O Programa de Apoio ao Luto compreende que a dor da perda, apesar de não palpável e muitas vezes difícil de entender, pode doer tanto quanto, ou até mais do que uma dor que se justifica por uma enfermidade física.
A proposta é validar a dor, pois só é possível cuidar da dor que é reconhecida como importante ou existente. Afinal, quando contamos o que estamos sentindo, deixamos essa dor exposta, e só o que está exposto pode ser curado.
Quer saber mais? Confira tudo neste vídeo: