Sempre que fazemos uma escolha, ficamos diante de alguns dilemas. Toda decisão merece reflexão e conhecimento sobre as opções para que possamos fazer uma escolha consciente, da qual não vamos nos arrepender depois.
A cremação é pouco difundida no Brasil e por este motivo também cercada de mitos. Trata-se de uma técnica que visa reduzir um corpo a cinzas através da queima do cadáver, o que oferece menos risco ambiental que o sepultamento do corpo em covas.
No caso de sepultamento em covas, a decomposição dos corpos gera um líquido (necrochorume) que polui solo e águas subterrâneas, além de produzir gases (gás sulfídrico, dióxido de carbono, gás metano, amônia e fosfina) que podem ser inflamáveis e contaminar o ar, inclusive radioativamente.
Como católicos e espíritas entendem a cremação.
O espiritismo não se opõe à cremação. Na realidade, para os estudiosos do espiritismo, a cremação é uma tendência do futuro, considerando as questões ambientais envolvidas. No espiritismo não há um culto ao corpo. Diferente da igreja Católica, que pede aos enlutados que orem nos cemitérios por seus finados, os espíritas acreditam que não há motivos para esse ato, já que o corpo é um instrumento e, assim que houve o desencarne, o espírito não estará mais ligado a ele.
Chico Xavier, certa vez, citando Emmanuel no livro O consolador, disse: “a cremação é um processo legítimo de liberação do espírito desencarnado”. Aconselhou apenas que houvesse um tempo de espera de 72 horas após o falecimento, para depois ser realizada a cremação. Este tempo, segundo o espiritismo, é necessário para que a espiritualidade se desligue do corpo e não sofra.
A Igreja Católica, por sua vez, por muito tempo considerou apenas o enterro como destino correto do corpo após a morte, argumentando que esta prática seria a que melhor representaria a esperança na ressurreição. Porém, em 1963, o Vaticano permitiu a cremação, desde que isso não signifique a negação da ressurreição.
A Igreja recomenda que, caso a família opte pela cremação, as cinzas sejam conservadas num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou igreja ou outro lugar dedicado a isso, determinado pela autoridade eclesiástica, mas que nunca seja espalhada.
Karina Zanini Marques
CRP 06/103536