Quando falamos em morte, logo pensamos em algo muito trágico. A morte é um tema difícil, dolorido. Quando ela chega, deixa em quem fica uma sensação que só posso associar com algo muito pesado e duro tendo passado por cima.
Na maioria das vezes, ela nos pega de surpresa, mesmo quando vem após um longo período de doença e tratamentos, porque sempre temos a esperança de que a cura aconteça. Além disso, muitos de nós vivem sob uma certa ilusão de imortalidade. Em nosso inconsciente, imaginamos que nunca morreremos, enxergamos a morte como algo distante que não irá nos alcançar.
Frequentemente imaginamos a morte como algo que acontece no fim da vida. No fim, lá bem longe, quando já estivermos velhos. Não aos 25 anos quando estava no último ano de faculdade e tinha tantos projetos, não aos 28 anos quando ia ser pai.
Mas, como disse Tagore, “Lemos mal o mundo, e dizemos que ele nos engana”. A morte não chega no fim, ela chega no meio da vida e a qualquer momento. Pode chegar logo após a alta hospitalar, após a retirada cirúrgica de um câncer, após ter ouvido do médico que o quadro era estável. Ela pode chegar dias depois, na forma de uma infecção que não havia sido percebida no momento da alta hospitalar.
Não podemos prever quando esse momento irá chegar e quem vive após a morte de alguém querido se pergunta se isso é mesmo verdade, como isso aconteceu dessa forma. São muitas as perguntas.
No entanto, posso dizer que é a existência da morte que faz a vida ter tanto valor. Só quem vê a morte de perto sabe o que realmente é importante e passa a viver aproveitando os pequenos prazeres, valorizando cada contato humano e suas relações. Aproveita porque sabe que é passageiro.
Karina Zanini Marques
CRP 06/103536